Relatório mostra estratégias dos animais e mudança de comportamento da fauna no maior incêndio no Pantanal em 2020

  • 27/04/2024
(Foto: Reprodução)
Cerca de 75 milhões de animais vertebrados e 4,6 bilhões de invertebrados foram afetados diretamente e indiretamente. Mesmo após dois anos do incêndio, a população das espécies não voltaram ao número ideal. Cerca de 17 milhões de animais morreram nas queimadas de 2020 Araquém Alcantara O Pantanal registrou o maior incêndio no bioma em 2020. Foram 4,5 milhões de hectares queimados e 17 milhões de animais mortos. Várias espécies usaram estratégias para tentar fugir do fogo, mas não conseguiram devido à proporção que as chamas tomaram. Os impactos à fauna e à vegetação foram diversos, como algumas mudanças de comportamento no próprio bioma e a chegada de novas espécies. Um ano após os incêndios, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) emitiu um relatório sobre os danos causados. Dois anos depois, eles voltaram ao local para analisar a recuperação do Pantanal. Mesmo anos após os incêndios, os pesquisadores constaram que o Pantanal não se recuperou totalmente e que as populações das espécies não voltaram ao tamanho que eram. Pelo contrário, cerca de 75 milhões de animais vertebrados e 4,6 bilhões de invertebrados foram afetados diretamente e indiretamente. Fotógrafo Araquém Alcântara registra fuga de animais e a destruição das queimadas no Pantanal Araquém Alcântara/Divulgação O relatório também apresentou resultados, como: Histórico do Pantanal, tipo de vegetação e como o bioma funciona: segundo os pesquisadores, há registro de fogo no Pantanal antes da existência humana que naturalmente queima em uma época do ano. Estratégias usadas pelos animais para fugir do fogo: por viverem em um local com pequenos incêndios naturais, os animais se adaptaram e criaram rotas de fuga, porém, o fogo não era do tamanho em que as espécies estavam acostumadas. Mudanças de comportamento da fauna após o incêndio: segundo os pesquisadores, o incêndio contribuiu para que as áreas fossem modificadas, atraindo espécies que não tinham o costume de viver no Pantanal. Fuga dos animais Ouriço morreu após o fogo atingir a copa de uma árvore ICMBio Os animais utilizaram diversas estratégias para fugir do fogo, porém, a proporção do incêndio era tão grande que 17 milhões de animais morreram em um universo de 75 milhões de vertebrados e 4,5 bilhões de invertebrados atingidos. Segundo o pesquisador, existem três tipos de efeitos do fogo sobre a fauna, são eles: Direto: queima e mata; Indireto: altera as paisagens e não há zona de refúgio, regulação térmica e aonde buscar água ou comida. Esse efeito acontece ao longo de muitos anos; Evolutivo: Há perda de gerações e diminuição da população. Animais que estavam acostumados a utilizar como rota de fuga subir em árvores, como ouriços e macacos, morriam queimados pelo fogo de copa ou intoxicados pela fumaça. Tatu tentou fugir do fogo se escondendo em uma toca ICMBio Os que tentavam se esconder em tocas, morriam porque o fogo subterrâneo chegava muito rápido. Jacarés, cobras e outros répteis e anfíbios de pouca mobilidade tentavam se esconder nas raízes das árvores, onde havia água, mas também eram mortos, porque a vegetação já estava seca e o fogo se espalhava. Jararacas, por exemplo, morreram por tentar dar um bote nas chamas e se queimar. A mudança de comportamento se estendeu a outras espécies, como roedores, caranguejos e outros animais, com relação de presa e predador, que chegaram a ocupar o mesmo buraco durante o incêndio para tentar fugir das chamas. Animais que tentavam correr no solo queimavam todas as patas. Bichos que tinham como estratégia pular as linhas de fogo e correr, acabavam se enterrando na brasa por ser uma faixa muito extensa. Eles pulavam e caíam direto no fogo queimando as patas e outras partes do corpo. Onça Amanaci que não pôde ser reinserida na natureza após as queimadas IMCBio Foi o caso da onça Amanaci, que pulou as chamas e se queimou. O dano causado no animal foi tão grande, que ela não pôde ser reinserida na natureza, pois não iria sobreviver. Segundo a pesquisa, algumas espécies de animais aproveitavam o momento das queimadas para predar outros animais. Animais que morriam queimados viravam alimento para outras espécies. O Pantanal A Rodovia Transpanteneira é a principal corredor turístico do norte do Pantanal. Em 2020, foi a região mais atingida pelas queimadas Globo Repórter De acordo com o ICMBio, o Brasil possui biomas que são adaptados ao fogo, como o Cerrado, o Pantanal e os Pampas e ambientes sensíveis, que respondem negativamente à passagem do fogo, como as florestas. O pesquisador do ICMBio Cristian Berlink disse que estudos mostram que há registro de fogo no Pantanal há mais de 12 mil anos e que isso acontecia mesmo antes da existência humana. "O Pantanal não é só moldado pelo fogo, mas também pelos níveis de inundação. São duas grandes forças que trazem essa diversidade biológica. Tem vegetação associada ao fogo com a sua fauna entremeadas de vegetação sensível ao fogo e adaptadas a isso. Além de paisagens com níveis de inundação diferenciados ao longo dos anos", disse. Outro fator que colaborou para esse incêndio foi o nível do Rio Paraguai. Segundo o pesquisador, o nível intercala entre cheia e seca. Em 2019 e 2020, o Rio Paraguai enfrentou uma seca severa e isso fez com que a vegetação ficasse disponível pra ocorrência de fogo. Essa vegetação seca junto com vento, altas temperaturas e baixa umidade aumentou o incêndio, espalhando o fogo, e causando mais efeitos no ambiente. Jacaré morreu após tentar se esconder na raiz de uma árvore no Pantanal ​ ICMBio Conforme o relatório, nesse incêndio foi registrado um tipo de fogo que é extremamente raro no Brasil, o fogo de copa - quando as chamas atingem as folhas e copas das árvores e se espalham por cima. O pesquisador disse também que, normalmente, em um incêndio são encontradas linhas de chamas, porém, no Pantanal em 2020, foram encontradas faixas de centenas de quilômetros de fogo, o que dificulta o combate e a fuga dos animais. O relatório mostra que 43% da área queimada não tinha registro de incêndio desde 2003. O incêndio chegou a áreas que não queimavam e eram permanentemente alagadas ou extremamente úmidas. Segundo Cristian, quando o fogo chegou nessa área, encontrou alta concentração de matéria orgânica e seca, por isso, o fogo entrou no solo, o que é de chamado fogo subterrâneo. Depois do incêndio Anta tentou fugir de fogo de superfície e morreu ICMBio O relatório mostrou que depois do incêndio, não houve perda de diversidade biológica de mamíferos, então espécies que já existiam no Pantanal continuaram a viver no local. Porém, apareceram novas espécies que normalmente são associados a ambientes secos, como o lobo guará. Com isso, os estudos constaram que o Pantanal está mais seco e o fogo abriu as áreas para que essas espécies conseguissem se deslocar mais. Segundo os pesquisadores, não dá para saber se esse fenômeno impactou o ambiente de forma positiva ou negativa. É preciso de estudos para avaliar e identificar o comportamento das espécies. Incêndio atinge parque florestal em MT; vídeo Outro resultado encontrado é que existem animais no Pantanal que só vivem em áreas queimadas e outros que só foram encontrados em áreas não queimadas. São animais que preferem viver em ambientes recentemente queimados e outros que preferem viver em locais mais sensíveis ao fogo. "Excluir o fogo do sistema não é uma solução. Em especial no ambiente que evoluiu com a sua presença. O fogo faz parte dele, o que a gente precisa entender é como fazer isso", disse Cristian. Também houve a diminuição de populações devido aos efeitos indiretos. Há uma dificuldade de retorno por conta do efeito e da perda de novas gerações. "Se coisas parecidas continuarem a acontecer, essa redução vai ficando cada vez mais acentuada até que haja extinções locais. Então o que aconteceu em 2020, a gente não pode deixar que aconteça de novo, principalmente em períodos curtos", disse. Biodiversidade Uma onça-pintada no Pantanal mato-grossense, em setembro de 2020. Leandro Cagiano/Greenpeace Nos anos 2000, a Unesco concedeu ao bioma o título de 'Reserva da Biosfera', além de tombá-lo como Patrimônio da Humanidade. O Pantanal abriga uma diversidade única, incluindo várias espécies ameaçadas, ao todo são: 🌱3,5 mil espécies de plantas 🐟325 de peixes 🐸53 espécies de anfíbios 🐊98 de répteis 🦜656 de aves 🐆159 tipos de mamíferos Onça-pintada, jacaré, tuiuiú, ipês, jacarandás e entre outros integrantes representam o Pantanal. Além disso, ele atua como regulador natural de enchentes, porque absorve e armazena água durante períodos chuvosos. O Pantanal também funciona como um reservatório de água doce com altitudes que alcançam 150 metros. Seus recursos hidrológicos são importantes para o abastecimento das cidades, onde vivem aproximadamente três milhões de pessoas (Brasil, Bolívia e Paraguai). ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MT no WhatsApp

FONTE: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2024/04/27/relatorio-mostra-estrategias-dos-animais-e-mudanca-de-comportamento-da-fauna-no-maior-incendio-no-pantanal-em-2020.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

No momento todos os nossos apresentadores estão offline, tente novamente mais tarde, obrigado!

Top 5

top1
1. Contatinho

Léo Santana, Anitta

top2
2. Supera

Marília Mendonça

top3
3. Surtada

Dadá Boladão, Tati Zaqui feat OIK

top4
4. Milu

Gustavo Lima

top5
5. Perrengue

Gustavo Lima

Anunciantes